No dia 29 de novembro de 2018, ocorreu o primeiro RISC-V Conference Day no Brasil. O evento foi sediado em São Paulo na Escola Politécnica da USP com a presença (ainda que parcialmente remota) de alguns expoentes e colaboradores da ISA open source mais relevante do momento.
E o que é RISC-V?
Trata-se de uma ISA (Instruction Set Architecture) concebida por pesquisadores da Universidade de Berkeley e baseada na filosofia RISC (Reduced Instruction Set Computer) que propõe arquiteturas com um conjunto de instruções mais simples, em menor número e com execução completa em menos ciclos, em contraponto com as já populares arquiteturas CISC, as quais abarcam um conjunto de instruções amplo e complexo (ex.: os onipresentes processadores x86). Além disso, o modelo de licenciamento no RISC-V é royalty-free. Em relação a este último aspecto, pode-se mencionar (também como contraponto) o modelo de negócios da ARM que abarca muitos dos edge-devices atuais, como dispositivos IoT e smartphones.
As palestras
Após a abertura, exibiu-se um vídeo da palestra feita por Krste Asanovic (chairman da RISC-V Foundation e chief-architect da SiFive) em Barcelona, onde ele traça um situacional do atual estágio de desenvolvimento e sobre a percepção de como a ISA vem sendo absorvida no mercado. O conteúdo da palestra pode ser integralmente visualizado aqui.
Além de esboçar o timeline do RISC-V até aqui e de delinear a tração comercial por meio da adoção da arquitetura por grandes players do mercado (ex.: NVIDIA e Western Digital), Krste Asanovic explica que algumas iniciativas estão ganhando força dentro do ecossistema, dentre as quais destacam-se a criação de um Comitê para discussões e padronizações de aspectos relativos à Segurança da arquitetura, bem como a formação de um grupo voltado ao universo embarcado, com o objetivo de discutir os problemas notórios ao segmento, como ferramentas de compilação e compressão de código.
Na sequência, Alex Solomatinikov, arquiteto, pela SiFive, de desenvolvimento do RISC-V Core, apresentou uma explicação do conjunto de instruções discutindo os formatos de instrução e algumas particularidades da ISA. No intervalo, os participantes puderam ver e interagir com uma prova de conceito das possibilidades de uso de um processador RISC-V-based (Rocket) de 5 cores, trabalhando em co-processamento com uma FPGA em uma aplicação de reconhecimento de padrões, classificando a presença de pessoas no ambiente.
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Após o intervalo Jon “Maddog” Hall, cofundador do projeto Caninos Loucos, apresentou sua visão sobre o open hardware e software e o potencial de crescimento econômico apresentado pela adoção dessas ideias para a criação de tecnologia e negócios locais. A apresentação é um chamado às bancadas para a criação de novas iniciativas no setor.
Swamy Irrinky, Diretor de Marketing da SiFive, passou pelo modelo de negócios da empresa e de como a SiFive pode contribuir transversalmente no pipeline de desenvolvimento de colaboradores independentes ou empresas que queiram integrar IPs que já fazem parte do portfólio da empresa (muitos destes IPs contribuídos por empresas parceiras) ou, como possibilidade, desenvolvidos pelos próprios clientes. Vale notar que, embora a ISA seja royalty-free, a integração de um IP implica em custo, por outro lado, acelera o ciclo de desenvolvimento do produto.
Tivemos ainda Alex Solomatnikov, novamente, apresentando o fluxo de desenvolvimento provido pelo software disponível online pela SiFive e como a empresa almeja reduzir a barreira de entrada no processo de desenvolvimento de um novo ASIC, tanto acelerando o tempo de desenvolvimento quanto flexibilizando o desenvolvimento usando um processo cuja HDL, Chisel, ofereça uma ferramenta de mais alto nível frente às tradicionais VHDL e Verilog.
Diferente do planejado, a palestra sobre o plano nacional de IoT foi dividida entre uma apresentação do projeto CI Brasil e uma breve introdução ao plano nacional de IoT e uma apresentação ao projeto Caninos Loucos e seus objetivos.
No fechamento foi anunciado que está em processo de tradução ao português o livro The RISC-V Reader: An Open architecture Atlas, que deve ser disponibilizado em formato pdf de forma gratuita no início de 2019. Teremos ainda ao longo do próximo ano a organização de outros eventos buscando ampliar o envolvimento da comunidade brasileira na adoção do RISC-V.